Arquivo da categoria ‘Literatura’

Dias 15, 16 e 17 de março de 2012. Plenarinho da UFRGS, Porto Alegre, RS

Este ano o VIII Seminário Nacional Encontro com o Japão trará diversas mesas temáticas, ligadas a língua, literatura, cultura, história, antropologia mídia e performance.

 As inscrições para participação do evento ainda estão abertas.

 Para ver programação completa, acesse o link. clique aqui

http://memorialculturajaponesa.blogspot.com/

Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara/Bahia-Brasil.

Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.

Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.

Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.

Vários trabalhos em jornais, revistas e antologias, tendo publicado aproximadamente 100 folhetos de cordel abordando temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos. Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.

BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL.


Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social

Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados

Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal.
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.

FIM

 

Recebido por e-mail de El Guapo Vetusto

Continuando com as biografias de alguns poetas da cena beatnik o próximo é o grande Gary Snyder. Qualquer erro encontrado nos textos informe nos comentários por favor.

Gary Snyder, um dos poetas americanos mais importantes dos anos 1950, nasceu em 08 de maio de 1930 na cidade de São Francisco e levou muito tempo para perceber que era poeta. ele cresceu na zona rural de Washington e Oregon e desenvolveu uma ligação com a terra, esquiando muito e praticando montanhismo.

Estudou na Reed College, em Portland, e, no verão, trabalhava como lenhador ou para o serviço florestal. Desde o ínicio era ligado em budismo e chegou a fazer aulas de chinês e japonês na U.C Berkley para estudar diretamente nesses idiomas.

“ele também se interesssava pelas culturas indígenas americanas”

Em 1956, mudou-se para o japão e morou lá por dez anos, estudando Zen Budismo e meditando. Snyder se interessara-se por poesia qunando jovem e escrevera um pouco. Contudo, na Reed College, ele andava com dois ótimos poetas, Philip Whalen e Lew Welch. O que intesificou seu envolvimento com a poesia.

Logo no ínicio ele foi influenciado por D.H Lawrence, depois Stevens, Yets e Eliot. Quando trabalhava na parte norte do parque Yosemite, inspirou-se a escrever mais e mais poemas. Sua obra fora influenciada pela escrita chinesa.

Em 7 de outubro de 1955, Snyder foi um dos poetas que leram com Ginsberg, que criara sensação na mesma noite com “Uivo”.

“Gostaria de ler The Berry Piece” Snyder.

Seus primeiros trabalhos publicados, Riprap e Myths and Texts, saíram em 1959 e 1960. Um crítico comentou que neles “Snyder quer ser considerado um poeta do homem comum”. Don Mcleod anotou que o “poeta-xamã (Snyder) extrai seus cantos da Deusa Mãe (Terra) e do poder mágico de imagens, metáforas, músicas e mitos, cria os padrões artísticos que expressam os conhecimentos e valores mais profundos da comunidade

Ao retornar aos EUA, Snyder deu continuidade a seu excelente trabalho e ganhou o prêmio Pulitzer de poesia em 1975 por Turtle Island.

Gary Snyder: Cronologia

1929 24 de outubro: quebra da bolsa.

 1930 – 08 maio 1930: Gary Snyder nasceu em San Francisco; Hart Crane, The Bridge, Ezra Pound, um projecto de XXX Cantos.

 1932 Snyder família muda-se para Washington Estado; família é extremamente pobre durante os anos de depressão; Hart Crane suicida-se; Sylvia Plath nasceu.

1939 William Butler Yeats morre.

 1941 07 de dezembro: o ataque japonês a Pearl Harbor; EUA entra Segunda Guerra Mundial.

 1942 1942 Familia Snyder muda-se para Portland, Oregon.

 1945 o presidente Truman autoriza lançamento de bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki; final da Segunda Guerra Mundial.

 1946 William Carlos Williams, Paterson, Livro Um, Robert Lowell, Lord Weary do Castelo.

 1947 Outono: Snyder começa seu estudo de graduação na Reed College, Portland, Oregon, com bolsa de estudos.

 1948 Verão de 1948:  Snyder embarca em um navio para fora para Nova York como marinheiro; John Berryman, os despossuídos; Theodore Roethke, The Lost Son.

 1950 ‘Verso Projetivo “1950 Charles Olson,; população dos EUA chega oficialmente 151 milhões; Snyder se casa com Alison Gass; Snyder publica primeiros poemas em publicação estudantil Reed College; Verão: Snyder trabalha para Park Service escavação do sítio arqueológico de Fort Vancouver.

 1950-l Snyder escreve tese sênior da Reed: As Dimensões de um Mito Haida.

 1951 Primavera: Snyder graduados da Reed com BA em antropologia e literatura; Verão: Snyder trabalha como lenhador em Warm Springs Reserva indígena, Oregon; Outono: Snyder começa programa de pós-graduação em antropologia na Universidade de Indiana, em Bloomington, Indiana, mas permanece apenas um semestre .

 1952 Primavera: Snyder volta a San Francisco, faz biscates, vive com Philip Whalen, também um budista Zen; Verão: Snyder trabalha como vigia da floresta na montanha Baker Floresta Nacional; divórcios Alison Gass.

 1953-6 Snyder inicia estudos em culturas  orientais e línguas na Universidade da Califórnia em Berkeley.

 1953 Verão: Snyder trabalha como vigia na Baker Floresta Nacional de Montanha Sourdough; Outono: Snyder atende Kenneth Rexroth.

 1954 Verão: Snyder trabalha no campo de madeira; Wallace Stevens, Collected Poems.

 1955 Outono: a retrospectiva chamado San Francisco Renaissance é empossado como Allen Ginsberg lê Howl at the Six Gallery, San Francisco; Snyder atende Ginsberg e Kerouac em San Francisco; vive com Kerouac na cabine em Mill Valley – fonte de Kerouac, The Dharma Bums, Wallace Stevens dies. Stevens morre.

 1956 Maio: Snyder vai para o Japão pela primeira vez na bolsa da First Zen Institute of America; vive em um Templo Zen; de Outubro: Ginsberg; Howl and Other Poems.

 1957 Agosto: Snyder placas Sappa Creek, em Yokohama, trabalha como limpador em sala de máquinas; visitas: Golfo Pérsico cinco vezes, Itália, Turquia, Okinawa, Guam Wake, Ceilão, Pago Pago, Samoa, Jack Kerouac, On the Road.

 1958 Abril: Snyder sai navio, retorna a San Francisco; Jack Kerouac, The Dharma Bums.

 1959-65 vidas Snyder em Kyoto, Japão; estudos sob mestre zen Oda Sesso Roshi.

 1959 Snyder, riprap; Robert Lowell, Estudos Vida; Robert Dun pode, Selected Poems.

 1960 Snyder, Miths & Texts; Donald Allen (ed.), The New American Poetry, Charles Olson, primeiro volume de The Poems Maximus; Snyder se casa com Joanne Kyger.

 1961 20 de janeiro: Inauguração da JF Kennedy como presidente dos EUA, Allen Ginsberg, Kaddish.

 1962 John Ashberry, O Juramento de ténis.

 1963 Novembro: assassinato do presidente Kennedy, William Carlos Williams morre; 11 de fevereiro: Sylvia Plath comete suicídio.

 1964-5 Snyder torna-se professor de Inglês na Universidade da Califórnia em Berkeley.

 1964 Snyder recebe Bess Hoskin Prize; separa Joanne Kyger.

 1965-8 Snyder inicia estudos em Zen Budismo no Japão; distúrbios raciais agitam os EUA.

 1965 Outono: Snyder retorna ao Japão; divórcios Joanne Kyger.

 1966 Snyder recebe prêmio pelo Instituto Nacional de Artes e Letras; retorna ao EUA; A Faixa de poemas publicado na Inglaterra.

 1967 Março: Snyder retorna ao Japão, vive em Banyan Ashram, casa-se com Masa Uehara na borda do vulcão ativo.

 1968-72 protestos estudantis nos campi EUA em todo país.

 1968 Snyder publica The Back Country; retorna ao EUA; recebe Levinson Prêmio de Poesia (Chicago), e é concedido Guggenheim Fellowship, o filho Kai nascido; Charles Olson, Poemas Maximus: IV, V, VI; assassinato de Robert Kennedy e Martin Luther King .

 1969 Snyder, Earth House Hold; Deloria Vine, Jr, Custer morreu pelos seus pecados; filho de Snyder Gen nascido.

 1970 Snyder, Regarding Wav; Charles Olson morre; incêndios Guarda Nacional de estudantes em Kent State University, Ohio.

 1971 Snyder constrói sua própria casa “, Kitkitdizze ‘, em sopé da Serra Nevada.

 1972 1972 Ezra Pound morre; limite 2: a revista de cultura pós-moderna, fundada por William Spanos e Kroetsch Robert; Snyder atende Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia.

 1973 Snyder, The Fudo Trilogy; guerra no Vietnã oficialmente terminada.

 1974 Snyder, Turtle Island; Anne Sexton comete suicídio.

 1975 Snyder concedido Prêmio Pulitzer de Poesia para Turtle Island; Olson, The Poems Maximus: Volume Três, 27 de dezembro: primeira MLA painel sobre a poesia Snyder, realizada em San Francisco.

 1976 1976 Primeiro estudo do livro-comprimento crítico de Snyder publicou: Bob Steuding, Gary Snyder.

 1977 Snyder, as velhas formas; Robert Lowell morre.

 1978 Snyder publica sua tese de Reed: Ele que caçava pássaros na Aldeia do Pai: As Dimensões de um Mito Haida.

 1980 Snyder, o trabalho real.

 1983 Snyder, Axe Handles; estudo crítico segundo Snyder aparece: Charles Molesworth, Vision Gary Snyder.

 1986 Snyder, Left Out in the Rain (poemas inéditos escritos entre 1947 e 1985).

 1987 20 de Maio: Snyder introduzido Academia Americana e Instituto de Artes e Letras.

 1990 Dezembro: MLA painel em Chicago: “Gary Snyder em 60 ‘.

 from Dean, Tim. Gary Snyder and the American Unconscious: Inhabiting the Ground . de Dean, Tim Gary Snyder eo Inconsciente americana:. Habitam a terra.

Fontes: Os Beats da Editora Benvirá.

Cronologia toscamente traduzida daqui =>http://www.english.illinois.edu/maps/poets/s_z/snyder/chronology.htm

Jack Kerouac – Poeta Beat

Publicado: julho 22, 2011 em Beat, Literatura
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Início agora uma séria de biografias de escritores/poetas Beats. Começando por um dos mais ilustres personagem da cena, Jack Kerouac. Se você não sabe o que é Beat, leia esse outro post aqui

Jean-Louis Lebris de Kerouac (12 de Março de 1922 – 21 de Outubro de 1969), mais conhecido por Jack Kerouac, foi um dos percussores do movimento Beat.

Kerouac, de origem franco-canadiana, teve uma infância séria, onde era muito dedicado à mãe. Frequentou um colégio jesuíta e ajudou o pai numa fábrica de impressão. Um de seus traumas mais trágicos, que voltaria relatado nos seus romances, foi a morte do seu irmão Gerard quando ele tinha apenas nove anos.

Devido às dificuldades económicas por que passava a família, Jack resolveu fazer parte da equipa de futebol americano do colégio para tentar uma bolsa de estudo na faculdade. Conseguiu entrar na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, para onde se mudou com a família. Devido a um acidente que o impossibilitou de jogar por alguns meses, Kerouac começou a passar mais tempo frequentando a biblioteca da universidade, tendo assim seu primeiro contacto com autores que influenciaram muito da sua obra, entre os quais cita : Louis-Ferdinand Céline, Tom Wolfe, Jack London

Não se ajustando à Marinha de guerra, acabou na Marinha mercante, onde ficou algum tempo. Quando não estava em viagem, Jack andava por Nova Iorque acompanhado pelos seus amigos “delinquentes” da Universidade de Columbia, entre eles Allen Ginsberg e William Burroughs, chamado de Bill pelos camaradas, além do seu maior companheiro de viagens, Neal Cassady, o “Cowboy”. Foi a época em que Jack conheceu os grandes amigos que formariam, alguns anos mais tarde, o “pelotão de frente” da geração beat, para desgosto da mãe.

As grandes viagens e escritos

Kerouac “começou” escrevendo um romance, The Town and The City, sobre os tormentos sofridos na tentativa de equilibrar a vida selvagem da cidade com os seus valores do velho mundo. Segundo relatado em seus diários, publicados em 2004, Kerouac tentou dar ao livro excessivo planejamento e regularização, o que tornou sua composição cansativa e desgastante. The Town… foi o seu primeiro romance publicado, porém não chegou a lhe trazer fama. Devido também à má experiência, passaria muito tempo sem publicar novamente. Durante o período que se sucedeu, criou os rascunhos de outras grandes obras suas – Doctor Sax e On the Road. Na tentativa de escrever sobre as surpreendentes viagens que vinha fazendo com o amigo de Columbia, Neal Cassady, Kerouac experimentou formas mais livres e espontâneas de escrever, contando as suas viagens exatamente como elas tinham acontecido, sem parar para pensar ou formular frases. O manuscrito resultante sofreria 7 anos de rejeição até ser publicado. Jack escrevia vários romances, que ia guardando em sua mochila, enquanto vagava de um lado a outro do país.

Viagens de Kerouac pela América.

A relação do escritor com Neal foi determinante para despertar em Jack sua vontade reprimida de botar o pé na estrada e desfrutar de uma liberdade ainda não experimentada. Os dois viajaram por sete anos percorrendo a rota 66, que cruza os EUA na direção leste-oeste, com descidas freqüentes ao México. Saíram de Nova York e cruzaram o país em direção a São Francisco. Nessa jornada baseou-se a obra On the Road, cujos protagonistas, Dean Moriarty e Sal Paradise, aludem a Cassady e ao próprio Kerouac.

No verão de 1953 Jack Kerouac envolveu-se com uma moça negra, chamada Alene Lee. Ele sentia um pouco de vergonha por ela ser negra e a apresentava a alguns amigos como indiana. Alene não gostava disso. Depois ela se tornou a modelo para Mardou Fox personagem de Os subterrâneos. Escrito em três dias e três noites, Os subterrâneos foi gerado a partir do mesmo tipo de rompante inspiracional que produziu o grande clássico de Kerouac, On the road (traduzido no Brasil em 1987 como Pé na estrada, por Eduardo Bueno). Levou 5 anos para ser publicado. Em 1955 Kerouac apaixonou-se por uma prostituta indígena chamada Esperanza. Escreveu Tristessa obra sobre uma viciada em morfina que vive na Cidade do México… É um romance triste, cheio de ensinamentos budistas, repleto de compaixão pelo sofrimento humano.

Foi publicado pela primeira vez em 1960 e baseado em fatos biográficos.

O método de escrever inovador

Jack Kerouac escreveu sua obra-prima “On The Road”, livro que seria consagrado mais tarde como a “bíblia hippie”, em apenas três semanas. O fôlego narrativo alucinante do escritor impressionou bastante seus editores. Jack usava uma máquina de escrever e uma série de grandes folhas de papel manteiga, que cortou para servirem na máquina e juntou com fita para não ter de trocar de folha a todo momento. Redigia de forma ininterrupta, invariavelmente sem a preocupação de cadenciar o fluxo de palavras com parágrafos.

O material bruto que chegou às mãos de Malcom Cowley, da editora Viking Press, em 1957, deu trabalho. Os rolos quilométricos de texto tiveram de ser revisados, foram inseridos pontos e vírgulas e praticamente 120 páginas do original foram eliminadas. O estilo-avalanche de Jack tinha ainda um elemento intensificador. Ao contrário às idéias correntes, que trabalhou em cima do livro sob o efeito de benzedrina, uma droga estimulante, Kerouac, em admissão própria, abasteceu seu trabalho com nada mais que café.

 Drogas

O uso de drogas era comum entre Jack Kerouac e seus amigos. Sobre o assunto, o amigo Allen Ginsberg comentou que “Começamos a experimentar benzedrina e anestésicos. Eu pensava que não poderia escrever porque minha mente ficava confusa, mas Jack sentia que podia escrever romances usando isso. E acho que alguns dos seus romances do início dos anos 50 foram escritos sob efeito desses e outros tóxicos. Jack praticamente se sentava e datilografava por várias semanas, fazia correções, escrevia continuamente 5, 6 ou 7 horas por dia, às vezes até o dia inteiro”.

“Jack sempre foi muito tímido, ainda que parecesse durão, era doce, sensível, passional. Neal era mais espontâneo, machão sem fazer esforço, mas também se interessava muito pelas palavras. Ele esperava Jack ensiná-lo a ser do seu jeito. Eles eram opostos e muita gente pensava que se pareciam. Neal era rude, Jack era mais introvertido e gostaria de ter a mesma iniciativa com as mulheres. Ele gostava de ver Neal fazer isso”, diz a novelista e mulher de Neal, Carolyn Cassady.

Sucesso e crítica

O sucesso e o prestígio conquistados após a publicação de “On the Road”, em 1957, deixou Jack atormentado. Apesar de eventuais críticas positivas que realçavam o caráter inovador da obra, muitos o tacharam de subliterato e imoral. A primeira resenha escrita por Gilbert Millstein no jornal The New York Times foi satisfatória. Ele recorda no documentário “O Rei dos Beats” qual foi sua sensação ao ler o livro: “Eu li o livro e fiquei simplesmente estupefato. Eu disse ali que acreditava naquilo como a expressão perfeita de uma geração, assim como Hemingway em ‘The Sun Also Rises’ também foi uma expressão da sua geração naquela época”.

O efeito imediato da fama causou apreensão e relutância em Jack. Joyce Johnson, a jovem namorada com quem o escritor morava na época, relembra a reação dele diante da celebração instantânea: “Ele estava agitado e com medo. Ele também sentia que teria de viver para sua imagem pública, pois todos esperariam que ele fosse como Dean Moriarty ou Neal Cassady, mas ele era só Jack Kerouac. Era bastante tímido, preferia ficar num canto olhando, refletindo.”

Logo após a publicação, Jack trabalhou intensamente em outros projetos. “The Dharma Bums”, lançado em 1958, foi a tentativa do escritor de estabelecer afinidades com o budismo. É o relato de uma escalada com o amigo poeta Gary Snyder em busca de realizações espirituais.

Isolamento

Nesta mesma época, Jack resolveu se isolar do convívio humano. Subiu até o alto de uma colina e passou longos dias sozinho confinado em uma cabana sem eletricidade e sem vidros nas janelas. Tomava quase uma garrafa de bebida por dia e sofreu com alucinações e paranóias. A experiência foi registrada no livro “Big Sur”, de 1962.

O problema do alcoolismo piorou com o tempo. Derrotado e solitário, vai morar com a sua mãe em Long Island. Seus últimos trabalhos exibiam uma alma desconectada de um ser humano perdido em ilusões. Apesar do estereótipo de beatnik, Kerouac era um conservador, especialmente sob a influência de sua mãe católica. O vigor deu lugar ao cansaço, e o escritor resignou-se a uma vida ordinária.

Frequentemente apaixonado, ele chegou a casar duas vezes ao longo da vida, mas ambos os matrimônios acabaram em poucos meses. Na metade dos anos 60, Jack casa novamente, agora com uma velha conhecida de infância. Ele, a esposa e a mãe mudam para St. Petersburg, na Flórida

Em 21 de outubro de 1969, Jack Kerouac morreu de hemorragia, consequência de uma cirrose, com 47 anos, num hospital em St. Petesburg, na Flórida. O amigo e agente literário Allen Ginsberg reverencia seu talento: “Eu não conheço outro escritor que teve influência tão produtiva quanto Kerouac, que abriu o coração como escritor para contar o máximo dos segredos da sua própria mente”.

 

Fonte: Wikipédia – Com algumas correções.

Os Beats da editora Benvirá.

Noite de fevereiro de 1956, Portland, Estados Unidos. O poeta beatnik Beat Allen Ginsberg está em um espaço no dormitório da Reed College com alguns estudantes e lê o original de um longo poema recém-escrito e ainda não publicado. Mais de 50 anos depois, uma fita cassete com o que provavelmente é o primeiro registro de “Uivo” é encontrada nos arquivos da universidade, com a gravação daquele poema – que Ginsberg leu até o final da primeira parte -, além de outros, mais curtos.
O mais Incrível: a fita de 35 minutos e boa qualidade estava com a identificação “Snyder Ginsberg 1956”. Mesmo assim, ficou todo esse tempo guardada. A descoberta foi feita por John Suiter, quando fazia pesquisa para uma biografia de Gary Snider, também poeta beat, vencedor do Pulitzer de Poesia em 1975, amigo de Ginsberg e responsável por levá-lo à universidade para leituras.
Os dois viajavam a caminho do Pacífico, no esquema beat de caronas e assaltos a mercadinhos para garantir suas refeições, e pararam por dois dias, 13 e 14 de fevereiro, no Reed College, em Portland, onde Snyder chegara a estudar. Esta gravação de “Uivo” difere bastante da primeira e legendária leitura pública do poema, realizada em São Francisco, na Six Gallery, em outubro de 1955. E antecipa em cinco semanas a até então conhecida como primeira gravação do mesmo, em Berkeley, Califórnia, realizada em 18 de março de 1956.

Leia o poema “Uivo” aqui.

E confira a primeira gravação do poema, além de outras leituras de Ginsberg.

Encontrei nesse fórum Aqui

Nota: Não gosto de utilizar o termo beatnik que inicialmente era usado de modo pejorativo para Beat.